Último brasileiro a voltar para casa, zagueiro é recebido com aplausos e muito carinho na cidade. Médico fala em volta ao futebol: “Chance há, mas isso só o tempo vai dizer”
O último brasileiro sobrevivente da tragédia da Chapecoense está de volta para casa. O zagueiro Neto desembarcou nesta noite de quinta-feira em Chapecó. Depois de nove horas de viagem – ele saiu de Rio Negro, na Colômbia -, Neto foi recebido com faixas e gritos de “o campeão voltou”. Em ambulância, o jogador foi transportado para o hospital da região central da cidade, onde estão internados o lateral Alan Ruschel e o jornalista Rafael Henzel.
Amigos e familiares aguardavam o jogador na porta do hospital. Muito emocionado, Neto acenou e foi saudado antes de entrar para o quarto numa maca. O médico Edson Stakonski, que veio da Colômbia com Neto, se mostrou impressionado com a recuperação de Neto. Ele comentou as chances do jogador retomar as atividades na profissão.
– Jogar futebol é uma consequência da recuperação. Neto é um lutador, ficou oito horas para ser resgatado, ficou muito mal há alguns dias, muito mal mesmo. Em menos de uma semana estamos no Brasil com ele consciente. Se ele vai voltar ao futebol? Chance há, mas isso é o tempo. Não existe experiência nesse acidente, é uma queda de avião onde 71 pessoas morreram – disse o médico.
Confira outros trechos da coletiva de imprensa do médico:
Previsão de alta
O Neto vai passar pelo mesmo processo do Rafael e do Alan. Estamos vendo os antibióticos, vai ser feita uma checagem geral. Ele não tem nenhuma fratura que não tenha sido vista lá, precisamos reavaliar para ver como eles chegaram e saber como vão seguir. Quando tivermos segurança, daremos alta a eles.
“Cenário de guerra”
É um trauma físico e outro psicológico. Temos que cuidar das feridas que enxergamos e que não enxergamos. Eles vão precisar de apoio psicológico. Todos os colegas deles morreram. Todos estiveram em estados graves. As infecções complicaram o Rafael e o Neto. Era um cenário de guerra que eles enfrentaram e sobreviveram.
Carinho colombiano
O povo colombiano foi acolhedor, maravilhoso, educado, eu não tenho como agradecer a todos. Tivemos um apoio que deixou nossas vidas muito mais tranquilas. Passamos por uma fase difícil de quem cuidou dos falecidos e dos sobreviventes, tivemos muita liberdade no hospital, não sei se aqui teríamos deixado isso. Eles foram abertos, transparentes. Colômbia e Brasil têm que se aproximar. Colômbia e Brasil são países fantásticos e não se enxergam. Eu não pensava em ir para lá, agora quero voltar. (GE.com)