A paralisação dos caminhoneiros autônomos foi confirmada e, apesar dos apelos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), se iniciará a partir desta segunda-feira (1º), como confirmou ao Broadcast o presidente do Conselho Nacional dos Transportadores Rodoviários de Cargas (CNTRC), Plínio Dias. As informações são do portal Uol.
Dias afirma também que a redução ou zeragem do PIS/Cofins sobre o diesel, cogitada pelo governo, não seria suficiente para terminar com a greve, já que o principal problema é a política de paridade ao preço internacional adotada pela Petrobras.
“Quem teria a culpa de desabastecimento do País se o movimento se prolongar por 3, 4, 5 dias, como foi na época do presidente Michel Temer, quando durou 11 dias, não são os caminhoneiros, é quem é responsável pela pasta. Se o presidente chamar para conversar no primeiro dia e resolver, todo mundo volta a trabalhar no dia seguinte. Até agora não teve diálogo com Conselho Nacional ou com a categoria.”
No sábado (30), Bolsonaro apelou para que a categoria não entrasse em greve e disse que “o Brasil todo” perderia se isso acontecesse. Questionado sobre o apelo do presidente, Dias afirmou que entende que o presidente não pode incitar greves, mas reclamou que “não chegou nada para categoria de autônomos” nos primeiros dois anos de governo.
“Não podemos deixar passar este ano, o ano que vem é de eleição, senão os caminhoneiros vão continuar no submundo”, disse.
Uma liminar concedida pela Justiça Federal do Rio proíbe caminhoneiros em greve de bloquear, mesmo que parcialmente, a rodovia BR-101, que margeia o litoral do país, portanto, a categoria não irá bloquear as estradas, e as faixas ficarão livres.
“Vamos fazer a manifestação dentro da lei. Temos o direito de conscientizar a categoria. Somos um país democrático e está na Constituição o direito de fazer manifestação livre”, afirmou.
Além do fim da política de paridade ao preço internacional dos combustíveis, a pauta de reivindicações da categoria tem outros nove pontos, mas um dos temas mais urgentes, segundo Dias, é a modificação da redação do projeto 4199/2020, o BR do Mar, que, segundo o dirigente, dá vantagem para empresas estrangeiras no transporte de cabotagem, o que favorecia a contratação de empresas frotistas para fazer o frete em detrimento de caminhoneiros autônomos.
“Os caminhoneiros estão preocupados em perder emprego”, diz ele, argumentando que não foi avaliado o impacto social do projeto e nem as condições da categoria nos portos do País, que fica “ao relento”.
A categoria também põe em pauta a aposentadoria especial para os caminhoneiros autônomos, o cumprimento do piso mínimo do frete, estabelecido em 2018 após a paralisação de 11 dias, respeito à jornada de trabalho e maior fiscalização da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), entre outras reivindicações.