De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por volta de 5% das pessoas no país apresentam algum tipo de surdez. Isso significa aproximadamente 10 milhões de pessoas, sendo que 2,7 milhões não escutam nada, a chamada surdez profunda.
Um número expressivo que revela a necessidade dos espaços sociais serem realmente inclusivos. Atualmente, se faz cada vez mais necessário construir pontes de comunicação com a população surda e nada melhor do que o ambiente escolar para receber atividades que promovam a inclusão, o respeito e apresentem à sociedade o grande potencial que essa interação pode trazer para toda a comunidade.

Em Seabra, uma dessas pontes começou a ser construída através de uma roda de conversas para pessoas com deficiência auditiva, que foi realizada no início desse mês pela Escola Família Agrícola – EFATC, a 1ª Roda de Conversa de Surdos.
Essa iniciativa teve como objetivo principal promover a inclusão e a empatia na comunidade escolar da EFATC e partiu do comportamento carismático e comunicativo de João Pedro, um estudante com surdez que demonstra habitualmente interesse e habilidade em manter conversas com todos ao seu redor.
Além de João Pedro, outras pessoas surdas participaram, como a estudante Georgia e Jeorge Oliveira, pessoa surda e Técnico em Meio Ambiente. A professora de Atendimento Educacional Especializado (AEE) Reijane Anjos e a pedagoga e pós-graduanda em Educação Especial e Inclusiva Amari Monteiro estiveram presentes, bem como intérpretes de libras atuantes na cidade.

Jéssica Lacerda é intérprete e professora de libras no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) Seabra e foi uma das profissionais convidadas para fazer parte da atividade. Ela falou ao Chapada News sobre a importância da troca de experiências entre estudantes da escola, João Pedro e os convidados surdos, além da necessidade de dar visibilidade à comunidade surda em Seabra.
“Foi maravilhoso, enriquecedor, uma iniciativa muito bonita da escola de trazer esse olhar de inclusão da vida real. Ser uma escola inclusiva vai além de falar que é inclusiva. Mostrou que a escola está com essa preocupação de trazer o jovem João Pedro para a realidade dos demais, na interação e comunicação através das libras. Aqui no município a comunidade surda precisa de visibilidade para que alcance outras possibilidades, para alcançar outros espaços além da escola. É importante que a sociedade seabrense possa ter acesso a essas pessoas e compreendê-las por meio da sua própria língua”, explicou.
Para os presentes, o encontro foi além do simples diálogo, tendo representado a inclusão na prática, a valorização das diferenças e o entendimento mais profundo das dificuldades enfrentadas pelas pessoas surdas em suas dinâmicas de vida. Essa grande troca de experiências só vem reforçar a importância de garantir que possam ter na sociedade os seus direitos garantidos em todas as instâncias, como os espaços educacionais, espaços de trabalho, na lugares públicos de lazer, instituições de saúde, tendo pessoas preparadas para conviver e se relacionar com todos.
Ananda Azevedo | Fotos: Divulgação