A queima controlada é uma das ferramentas utilizadas no combate aos incêndios, explica Marcela de Marins, gerente do fogo no Parque Nacional da Chapada Diamantina.
Nos períodos entre 23 a 25 e 30 de julho, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com a Associação Comunitária do Pati – ASCOPA, realizou um aceiro negro na região dos Gerais do Vieira e uma queima controlada na região do Gerais do Rio Preto, ambas situadas na comunidade tradicional do Vale do Pati, no interior do Parque Nacional da Chapada Diamantina.
Essas atividades são realizadas com a participação ativa dos moradores do Vale do Pati e fazem parte de pesquisas da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e Universidade Federal da Bahia (UFBA). O próximo aceiro negro será realizado na região no dia 1º de agosto.
O que é um aceiro negro?
É uma das ferramentas utilizadas no combate a incêndios. São faixas de terra onde a vegetação é removida preventivamente para evitar ou retardar a passagem do fogo. Quando é confeccionado com a utilização do fogo recebe o nome de aceiro negro.
O que é a queima controlada?
São fogos planejados utilizados como ferramenta para produções como a agrícola, pecuária, extração de mel, coleta de frutas, entre outros. Podem ser realizadas por comunidades tradicionais, indígenas e produtores rurais. Quem autoriza queimas controladas no interior das Unidades de Conservação federais é o ICMBio.
Por que são realizadas queimas controladas em um Parque Nacional?
O Parque Nacional da Chapada Diamantina abriga em seu interior fitofisionomias dos Biomas Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica. Os ambientes de Cerrado foram moldados com a ocorrência natural do fogo ao longo de milhões de anos.
Por este motivo as políticas públicas estão migrando da visão de “fogo zero” para o manejo integrado do fogo, que integra saberes tradicionais, científicos e técnicos na gestão do fogo, ou seja, no planejamento e execução das atividades de prevenção e combate a incêndios, preparação e usos do fogo.
No caso das comunidades tradicionais que residem no interior de Unidades de Conservação de proteção integral, elas possuem direitos sobre seus conhecimentos, práticas e usos, direitos que precisam ser compatibilizados com a conservação da biodiversidade.
No caso dos Gerais do Rio Preto e Gerais do Viera, que tratam-se de áreas de campo tolerantes ao fogo, ocorre a compatibilização de direitos ambientais que levaram a criação do Parque Nacional da Chapada Diamantina e os direitos sociais da comunidade do Vale do Pati, que necessita estimular a rebrota da vegetação das áreas de gerais para alimentação das suas mulas.
Com informações do Parque Nacional da Chapada Diamantina| Foto: Reprodução