Dos 254 atletas que irão representar o Brasil, oito são baianos, disputando medalhas nas modalidades halterofilismo, atletismo, futebol de cegos e vôlei sentado.
Após quase duas semanas de encerrados os Jogos Olímpicos Paris 2024, as atenções do mundo voltam-se novamente para a capital francesa a partir do dia 28 de agosto, data em que se iniciam os Jogos Paralímpicos 2024. Dos 254 atletas que irão representar o Brasil, oito são baianos, disputando medalhas nas modalidades halterofilismo, atletismo, futebol de cegos e vôlei sentado.
Evânio da Silva (halterofilismo); Cássio Lopes, Jeferson da Conceição e Maicon Junior (futebol de cegos); Márcio Borges (vôlei sentado); Edneusa Santos, Raíssa Machado e Samira Brito (atletismo) são os representantes da Bahia que já estão na França em contagem regressiva para o início das provas.
Entre os estreantes em uma Paralimpíada, está o atleta Márcio Borges, de Cruz das Almas e que integra a delegação de vôlei sentado. Ele nos conta da sua expectativa e ansiedade em participar pela primeira vez de uma Paralimpíada. “Estamos fazendo os últimos ajustes com o time. O objetivo é sair daqui com uma medalha, levar o Brasil ao pódio, que é o sonho de todos os atletas. Estamos treinando pesado, todos os dias, de manhã e de tarde”, disse Márcio, que desde os 12 anos mora em São Paulo.
Ainda no seu depoimento, ele relata o poder do esporte, que, em sua opinião, pode levar os atletas a todos os lugares. “O esporte é mágico. Ele tem a magia de levar os atletas a inúmeros lugares. Nunca imaginei sair do Brasil, e hoje estou aqui, na França. Fico muito feliz em ter trilhado este caminho e saber que valeu a pena tanto esforço e tanta dedicação, estando hoje representado o Brasil e a Bahia em um Jogo Olímpico”, afirma.
Veterano
Mas, entre os atletas da Bahia, há também aqueles veteranos, como os jogadores do futebol de cegos Jeferson e Cássio. Participando pela quinta vez de uma Paralimpíada, sendo quatro vezes campeão pelo Brasil no futebol de cegos, Jefinho afirma que cada Paralimpíada se sente de forma especial, com diferente sentimento. “Cada momento é único e cada um é particular. Representar o Brasil em uma competição importante como essa é para poucos, e temos que levar isso muito a sério, se sentir muito feliz. Espero ajudar o Brasil a conquistar mais uma medalha de ouro”, declarou o atleta.
Os jogos do futebol de cegos acontecerão em arena montada aos pés da Torre Eiffel, cartão-postal conhecido em todo o mundo. Sobre esse prestigiado lugar de competição, Jefinho conta que todos da equipe estão muito contentes em jogar em um cenário tão perfeito. “A Torre Eiffel é um símbolo mundial, uma das maravilhas do mundo. Muito legal disputar nossa modalidade neste ambiente”, afirmou. A Turquia será o primeiro adversário do Brasil em sua estreia na edição paralímpica de 2024, com jogo marcado para 13h30 de 1º de setembro.
Delegação brasileira
Repetindo um feito dos Jogos Olímpicos, as mulheres também estão em maior número na delegação paralímpica do Brasil. Ao todo, são 116 nomes femininos disputando provas em muitas das 20 modalidades que estão na programação dos 12 dias de Jogos Paralímpicos – 28 de agosto a 8 de setembro.
Dos oito baianos, sete são oriundos do interior, sendo apenas um da capital. Já em relação à região Nordeste, Bahia, Pernambuco e Paraíba estão empatados em segundo lugar no número de atletas, liderando o ranking o estado do Rio Grande do Norte, com 12 representantes.
Veja quem são os baianos que integram a delegação brasileira nas Paralimpíadas Paris 2024:
Atletismo:
- Edneusa Santos (Salvador), 48 anos, possui baixa visão decorrente de rubéola da sua mãe durante sua gestação. Aos 24 anos, competia no atletismo tradicional e, em 2012, passou para o atletismo paralímpico. Classe: T12. Em sua estreia na Seleção, nos Jogos Rio 2016, Edneusa tornou-se a primeira medalhista paralímpica brasileira em maratonas;
- Raíssa Machado (Ipibeba), 28 anos, nasceu com má-formação nas pernas. Aos 12 anos, começou a praticar lançamento de dardo. Classe: F56. Prata no lançamento de dardo nos Jogos Paralímpicos Tóquio 2020;
- Samira Brito (Juazeiro), 35 anos, paralisia cerebral consequente de falta de oxigênio durante seu nascimento que afeta os movimentos dos membros, além da fala e audição. Classe T36. Prata nos 200m nos Jogos Parapan-Americanos em 2023 e segunda colocada no ranking mundial nos 100 e 200m.
Futebol de 5 (cegos):
- Cássio Lopes dos Reis (Ituberá), 35 anos, um deslocamento de retina seguido de catarata tirou a sua aos 14 anos. Aos 20 anos, começou no futebol de cegos. Classe B1. Tricampeão dos Jogos Paralímpicos (Tóquio 2020, Rio 2016, Londres 2012);
- Jeferson da Conceição Gonçalves (Candeias), 35 anos. Um glaucoma ocasionou a perda total da visão do jogador aos 7 anos. Com 12 anos, começou no futebol de cegos. Em 2021, foi eleito o melhor jogador do mundo. Classe B1. Tetracampeão dos Jogos Paralímpicos (Tóquio 2020, Rio 2016, Londres 2012 e Pequim 2008);
- Maicon Junior dos Santos Mendes (Maraú), 24 anos, com perda de visão de Maicon devido a um glaucoma congênito. Conheceu o futebol de cegos em 2013, por meio do Instituto de Cegos da Bahia. Classe B1. Ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023.
Halterofilismo:
- Evânio da Silva (Cícero Dantas), 40 anos, teve poliomielite aos seis meses de idade, levando a um encurtamento da perna direita. Começou a praticar halterofilismo em 2010. Prata nos Jogos Paralímpicos Rio 2016.
Vôlei sentado:
- Márcio Borges dos Santos – de Cruz das Almas, 41 anos. Teve poliomielite. Um grave acidente de moto em 2003 provocou várias sequelas em Márcio. Tornou-se atleta paralímpico em 2011. Classe VS1. Fará a sua estreia em Jogos Paralímpicos. Campeão pan-americano em 2023.
Fonte: Ascom/Sudesb | Foto destaque: Ana Patrícia