Na moção, foi proposta também a criação de uma sala de audiovisual no Museu Municipal da cidade para a exibição do documentário e outros registros do município.
Na última semana, no dia 19, a cidade de Palmeiras, na Chapada Diamantina, foi palco do lançamento do documentário “Garimpando”, produção cinematográfica dirigida por Géssica Correia, nativa da cidade.
Na principal praça da cidade, os olhos atentos e a emoção eram comuns aos espectadores que observavam as histórias da época do garimpo e as memórias de construção da cidade contidas no filme. Ao final, lágrimas e muitos aplausos reverenciando o que se tornou o maior documento de registro da construção de Palmeiras e da identidade do município.
Com sensibilidade e muita pesquisa, o filme traz histórias e informações que ajudam os cidadãos a entenderem a região em que vivem e de onde o garimpo é parte fundamental. Nesse intuito, Géssica revela detalhes inéditos sobre a vida dos garimpeiros e o impacto da atividade na formação da cidade por meio do documentário.
Em reconhecimento à importância do filme para a cidade, o filme recebeu uma moção de aplauso de um vereador da cidade, Kleber Fernandes que, além de parabenizar a realização do filme, sugeriu à Câmara a criação de uma sala de audiovisual no Museu Municipal, onde o documentário possa ser exibido em conjunto com outros materiais culturais.
No dia seguinte à exibição na praça, o secretário de cultura da Bahia, Bruno Monteiro esteve em Palmeiras para conferir o documentário, após cumprir agenda de entrega de acervo e equipamentos que formarão a Biblioteca Comunitária da Associação de Remanescentes de Quilombo da Comunidade do Tejuco, povoado de Palmeiras.
O secretário foi recebido por Géssica e pela equipe de produção do documentário, além da Secretária de Cultura e Turismo do município de Palmeiras, que explicaram a concepção, contaram sobre o processo das filmagens e importância desse registro audiovisual tanto para a cidade quanto para a região.
Ao Chapada News, o secretário falou sobre a territorialização da cultura na Bahia, política voltada à valorizar a riqueza cultural de todo o estado. “Com isso, que possamos valorizar tantos talentos e tantas histórias que merecem, podem e são eternizadas por meio de obras culturais como o audiovisual como o Garimpando, que é uma obra apoiada pela [Lei] Paulo Gustavo Bahia. Um filme que traz uma história importante da construção, inclusive, deste território na ligação com o garimpo enquanto uma exploração econômica, mas também os processos de exploração humana que esse território sofreu ao longo de sua história. Isso as pessoas precisam conhecer, as que vivem aqui e as que não vivem.”
O secretário também contou que, pela primeira vez, os beneficiários de uma política de fomento foram mais numerosos no interior do que na capital do estado, de forma a atingir toda a Bahia, desde as pequenas comunidades aos maiores municípios. Sobre a Chapada, o gestor da cultura no estado reiterou a sua riqueza em termos de história e cultura. “Aqui nós temos eventos, acontecimentos e manifestações culturais importantíssimas”, destacou.
Nesta segunda, 30, a Câmara de Vereadores voltou a referenciar a importância do documentário para a cidade e para a cultura de todo o estado. O autor da moção de aplauso sugeriu à casa, em requerimento verbal, que o teor da moção fosse oficiada também para a Secretaria de Cultura do Estado.
Garimpando
O documentário “Garimpando” revela histórias e detalhes inéditos sobre a vida dos garimpeiros e o impacto do garimpo na formação da cidade de Palmeiras, na Chapada Diamantina.
“O documentário conta a história do garimpo em Palmeiras, através dos garimpeiros, e um pouco também de como foi a construção da cidade. E nas entrelinhas, puxamos para vários outros tópicos: o papel da mulher no garimpo, a economia da cidade, a formação da cidade, tudo que envolve a construção de uma cidade, a gente trouxe no documentário”, contou.
Sobre a diretora
“Minha formação audiovisual foi acontecendo”, diz Géssica, 27 anos, que trabalha na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Palmeiras e revela o desejo de se aprofundar na formação. Amante da área documental, é nascida e criada na Chapada Diamantina e confessa o recorrente interesse pela história da região.
Com “Garimpando”, ela dá mais um passo na realização do objetivo de preservar memórias por meio do audiovisual. Esse é o seu segundo filme documental, tendo experiência anterior com seu primeiro documentário, intitulado ‘Anos Luz’.
Como fotógrafa, já participou de projetos com o nutricionista e empresário Daniel Cady e o humorista Whindersson Nunes, ambos na Chapada Diamantina.
Lei de incentivo à Cultura
Este projeto foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. A Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar n.º 195, de 8 de julho de 2022.
Ananda Azevedo | Fotos: Ananda Azevedo