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Documentário ‘Garimpando’ é exibido em povoados da zona rural de Palmeiras, na Chapada Diamantina

Cinema itinerante levou o filme para escolas de três comunidades rurais.

Na última quinta e sexta, 10 e 11, a comunidade escolar de três povoados da zona rural de Palmeiras, na Chapada Diamantina, teve acesso ao novo documentário “Garimpando”, lançado em 19 de setembro na sede da cidade. 

O documentário, que conta a história da formação da cidade por meio da contribuição do garimpo, foi exibido na Escola Municipal Rural de Serra Negra, na Escola Municipal Rural de Lagoa dos Patos e na Escola Municipal de Primeiro Grau de Tejuco, todas comunidades rurais, sendo essa última quilombola.

Em cada localidade, a equipe do filme apresentou o documentário acompanhado de uma breve contextualização sobre os aspectos históricos, econômicos, ambientais e sociais do garimpo para as crianças e adolescentes que, acompanhados dos professores, tiveram uma verdadeira aula sobre esse momento histórico tão relevante para a construção da cidade e toda a região da Chapada Diamantina.

Conduzidos pela própria diretora do filme, Géssica Correia, e pela historiadora Nelcy Freire, os espaços de conversa foram uma oportunidade para os estudantes ampliarem o conhecimento, respeitando a idade média de cada turma, algumas delas multisseriadas. Desde as crianças menores, quando Nelcy iniciou a apresentação com atividades lúdicas, como canções infantis, todos puderam aprender um pouco mais sobre a história do município em que vivem.

Professora em Serra Negra, Naiella de Oliveira Dourado Silva leciona em uma turma multisseriada que tem 17 meninos e meninas do infantil até o quinto ano do ensino fundamental. Ela conta que normalmente não há tantas ações voltadas ao audiovisual na escola, no entanto, essa é a segunda vez que Géssica leva um documentário para a unidade. O primeiro foi o seu curta “Anos Luz”, que também foi exibido por lá.

Para a educadora, o documentário servirá para trabalhar o tema com os estudantes. “Como poderíamos mostrar para eles como era o garimpo antigamente?”, questionou, acrescentando que “conhecer o passado ajuda a entender o presente”. 

Naiella conta que o filme evocou memórias da sua própria vida, como filha da terra. “O meu pai era garimpeiro, eu revivi muita coisa que eu escutava ele falar.” Tomada de emoção, a professora lembra que antes de sua morte, o pai deixou para ela um diamante e deu à mãe a missão de entregar apenas quando ela se casasse. “No dia que casei minha mãe me deu, contando que era um presente do meu pai. Eu tomei um susto e quando abri era um diamante na garra que estava guardado há muito tempo”, relembrou.

As crianças do infantil ao quinto ano do ensino fundamental de outra escola, em Lagoa dos Patos, estavam todas reunidas sob a coordenação da professora Edilene Maria de Oliveira, que, junto com as outras docentes, merendeiras e auxiliares, prepararam uma verdadeira festa para receber a equipe do documentário. Bolo, salgados e suco foram distribuídos logo após a exibição que também foi regada à pipoca. À frente da turma dos “maiores” (do terceiro ao quinto anos), Edilene também conviveu com o garimpo, já que o pai e a mãe trabalharam como garimpeiros durante um período.

Ela lembra que o dinheiro do garimpo, como registrado por um dos entrevistados no documentário, não durava muito tempo. “Ganhava muito, mas o dinheiro parecia que sumia igual”, recordou. 

Na escola, já estava trabalhando com os estudantes o ‘Mês da Chapada’, então, receber a exibição do filme nesse momento fez muito sentido. “Enriquece muito, é história.”

Tejuco é a comunidade de origem quilombola onde está localizada a última escola visitada nessa primeira etapa das exibições itinerantes de “Garimpando”. Na Escola Municipal de Primeiro Grau de Tejuco, estudantes do 6º ano do ensino fundamental até o 3º ano do ensino médio assistiram ao documentário com professores e alguns membros da comunidade.

Daniel Puridade Miranda é o diretor da escola e contou que atualmente estão em um processo de resgate histórico da comunidade e de aprofundamento dos conhecimentos acerca do município em que vivem. “Acho importantíssimo o documentário porque traz parte dessa história de Palmeiras que eles  não conhecem. Não conhecem da  própria comunidade, e infelizmente também não conhecem o município de Palmeiras, essa  parte do garimpo, eles não acessaram ainda. Estamos justamente nesse processo do resgate, de conhecer essa história de onde eles vivem”, revelou.

No processo de reconstrução do Projeto Político Pedagógico da escola, que está em trâmites de mudança de nome, o diretor acredita ser importante trazer uma referenciação histórica e, por isso, receber o documentário nesse momento contribuiu muito com a unidade escolar. “Importante para a construção da identidade da própria escola. Dá para trabalhar [o filme] com a professora de história, com a professora de geografia, dá para extrair muita coisa do filme”, acrescentou.

A diretora do filme pretende passar por outros povoados e escolas, no entanto, ainda não há novos roteiros definidos.

Sobre o documentário

O filme traz histórias e informações que ajudam os cidadãos a entenderem a região de Palmeiras, onde o garimpo foi parte fundamental da sua construção material e imaterial. Nesse intuito, revela detalhes inéditos sobre a vida dos garimpeiros e o impacto da atividade no percurso histórico da cidade e região. 

Em reconhecimento à sua importância, o filme recebeu uma moção de aplauso de um vereador da cidade, Kleber Fernandes que, além de parabenizar a realização do filme, sugeriu à Câmara a criação de uma sala de audiovisual no Museu Municipal, onde o documentário possa ser exibido em conjunto com outros materiais culturais.

O documentário sensibilizou o secretário de cultura da Bahia, Bruno Monteiro, que esteve em Palmeiras um dia depois do lançamento na praça.

A diretora

Géssica tem 27 anos, trabalha na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Palmeiras e revela o desejo de se aprofundar na formação audiovisual. 

Amante da área documental, é nascida e criada na Chapada Diamantina e demonstra o recorrente interesse pela história da região.

Com “Garimpando”, ela dá mais um passo na realização do objetivo de preservar memórias por meio do audiovisual. Esse é o seu segundo filme documental, tendo lançado outro documentário, intitulado ‘Anos Luz’.

Como fotógrafa, já participou de projetos com o nutricionista e empresário Daniel Cady e o humorista Whindersson Nunes, ambos na Chapada Diamantina.

Lei de incentivo à Cultura

Este projeto foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. A Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar n.º 195, de 8 de julho de 2022.

Ananda Azevedo | Fotos: Ananda Azevedo

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