Paolo era francês, mas vivia no Vale do Capão, na Chapada Diamantina, e manteve o circo por mais de 25 anos.
O Vale do Capão, povoado de Palmeiras, na Chapada Diamantina, tem os seus ícones. Pessoas que nasceram ou aportaram na localidade há muito tempo e que passaram a fazer parte da vida do pequeno distrito como referências.
No picadeiro, o mais emblemático foi Jean Paul Galinski, conhecido como Paolo, francês que, ao lado da esposa Mary Bastos, fundou e geriu o Circo do Capão por mais de 25 anos.
Nessa quinta, 7, os corações circenses pararam para sentir, lembrar e homenagear o ídolo de tantos. O francês era professor de acrobacia e transformou o circo do Capão em Ponto de Cultura, vendo passar por ali diversos espetáculos, shows e festivais, como o famoso Festival de Jazz do Capão.
Fernando Guerreiro, presidente da Fundação Gregório de Mattos, lamentou a morte do artista. “Recebi com imensa tristeza a notícia do falecimento de Paolo, nosso querido Jean Paul Galinski […] Ele foi uma força essencial para difundir o circo na Bahia. Tinha uma presença única e uma paixão pela arte circense que inspirou muitos, formando gerações de novos artistas”, afirmou com pesar.
“É uma honra para nós, da Fundação Gregório de Mattos, estarmos envolvidos, subsidiando o documentário produzido pelo Circo Picolino, financiado pelo edital SalCine da FGM, por meio da Lei Paulo Gustavo, com recursos da Prefeitura de Salvador e do Ministério da Cultura, Governo Federal. Paolo é um dos homenageados da obra, e, agora, passa a ser uma forma de manter vivo o seu legado “, disse em nota. “Sua ausência será profundamente sentida, mas, como ele mesmo diria, o espetáculo continua. Descanse em paz, meu amigo”, completou.
A Fundação Cultural do Estado (Funceb), em respeito à família e à comunidade em luto, suspendeu as atividades que seriam realizadas no vale e emitiu uma nota de pesar. “Lamentamos profundamente o falecimento do fundador, diretor da Escola de Circo do Capão e professor de acrobacia, Jean Paul Galinski, o mestre Paolo. Galinski deixa um legado de grandes e importantes trabalhos em prol da formação de centenas de artistas e arte-educadores circenses da Bahia e do mundo”, dizia a nota publicada nas redes sociais da Funceb. “Fará muita falta às Artes, à Família circense na Bahia, a amigos, alunos e familiares, aos quais estendemos nossa solidariedade neste momento”, completou.
Paolo
De nacionalidade francesa, Paolo optou por uma vida nômade aos 14 anos, passando a viajar pelo interior do seu país e de diversos outros, vivenciando encontros com famílias circenses tradicionais com as quais foi iniciado nas artes. Foi assim que chegou à Bahia, em 1994, quando teve seus caminhos cruzados com a Escola de Circo Picolino, entidade circense que mantinha ações sociais e educativas já naquela época. Por 10 anos, foi acrobata no Picolino e formou muitos jovens na arte do circo.
Quatro anos mais tarde, o mestre, como é conhecido por alguns, passou a fomentar a arte do circo no Vale do Capão, com espetáculos de rua e oficinas. Fundado em 1998, o Circo do Capão atravessou a sua existência transmitindo a arte circense e construindo saberes no Território da Chapada Diamantina em diversas áreas de expressão artística: o teatro, a dança, a música e o audiovisual.
O corpo de Paolo será velado no Circo do Capão, nesta sexta-feira, 8, a partir das 14h. O sepultamento será no sábado (09/11) às 10h.
Foto: Divulgação