De acordo com o governo do Distrito Federal, autor do ataque tentou acessar a Suprema Corte com explosivos e, momentos antes, entrou na Câmara dos Deputados, acessando o Anexo 4 e um banheiro da Casa.
Uma sequência de explosões na Praça dos Três Poderes fez o local ser isolado pela Polícia Militar. O corpo de um homem foi encontrado no local após os estrondos. Segundo o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, esse homem morreu em área próxima ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF). A Polícia Federal foi acionada e enviou agentes para o local, enquanto ministros da Corte foram retirados às pressas da sede do tribunal.
O homem encontrado morto é Francisco Wanderley Luiz. De acordo com o governo do Distrito Federal, ele tentou acessar o STF com explosivos e, momentos antes, entrou na Câmara dos Deputados, acessando o Anexo 4 e um banheiro da Casa. Cerca de uma hora antes da explosão, Luiz publicou em suas redes sociais críticas ao STF, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos presidentes da Câmara e do Senado.
Luiz frequentemente compartilhava em suas redes teorias conspiratórias anticomunistas. Em 2020, foi candidato a vereador em Rio do Sul (SC) pelo PL, que atualmente é o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo o Estadão apurou, Luiz também era proprietário do carro encontrado pela Polícia Militar na Praça dos Três Poderes, carregado de artefatos explosivos. O sargento Santos, da PM do Distrito Federal, informou à reportagem que o veículo foi parcialmente destruído por um incêndio, que foi contido pelos seguranças próximos ao local. Segundo o relato do sargento, os policiais avistaram um homem saindo correndo do carro, mas presumiram que ele estava fugindo do fogo. Na verdade, tratava-se do homem que detonou a bomba.
Depoimento de um segurança do Supremo relatou como Francisco Wanderley Luiz tentou invadir a Corte carregando bombas e acabou por se matar na frente do prédio público.
PM faz varreduras em busca de bombas
O barulho das explosões pôde ser ouvido tanto do prédio do Supremo como do Palácio do Planalto. Na Sede do STF, os servidores foram levados por seguranças para uma sala segura. Nas redes sociais também já circulam imagens de um carro explodindo no estacionamento da Câmara dos Deputados. Essa segunda explosão ocorreu em região que também fica próxima à Praça dos Três Poderes. Policiais foram destacados para fazer varreduras em busca de mais bombas no local.
A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão, anunciou que a Praça dos Três Poderes permanecerá isolada até que se tenha garantia de segurança no local. Celina está à frente da gestão da crise, uma vez que o governador Ibaneis Rocha se encontra em Roma, na Itália, para uma visita ao Papa Francisco.
Até o início da madrugada desta quinta-feira, 14, corpo do homem permanecia na praça por ainda conter explosivos e não havia sido periciado. Um agente de segurança, vestido com traje antibombas estava avaliando o risco de novas explosões. A polícia trabalha com a hipótese de que o detonador dos explosivos possa estar preso ao cinto do indivíduo. Além disso, há uma mochila próxima ao corpo, contendo itens que podem ser outros artefatos explosivos. Ainda não há uma versão oficial clara sobre as circunstâncias da morte, se a bomba explodiu antes de o homem lançar ou se ele teria cometido suicídio.
Em entrevista no Palácio do Buriti, Celina evitou confirmar a identidade do homem que morreu após a explosão em frente ao prédio do STF. Ela disse que uma das linhas de investigação é que ele seja o catarinense Francisco Wanderley Luiz, dono do carro que explodiu nas proximidades da Câmara minutos antes. Após as explosões, o acesso à praça foi fechado e o policiamento reforçado nos arredores do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo.
Equipes de varredura foram enviadas ao local. Agentes da Polícia Federal também foram deslocados para as proximidades dos prédios do Congresso e do Supremo. Em nota, a Polícia Civil do DF informou que policiais da 5ª Delegacia de Polícia estavam no local e confirmou pelo menos uma das explosões em frente ao Supremo na quarta-feira, 13. “A PCDF já deu início às primeiras providências investigativas e a perícia foi acionada ao local”, diz a nota.
Explosões na Praça dos Três Poderes
Segundo relatos de servidores do STF, após ser ouvida a explosão perto do prédio, seguranças também teriam cuidado do isolamento do edifício e assegurado que ministros da Corte fossem escoltados para outro local.
Em nota, o STF também confirmou as explosões. “Ao final da sessão do STF desta quarta-feira (13), dois fortes estrondos foram ouvidos e os ministros foram retirados do prédio em segurança. Os servidores e colaboradores do edifício-sede foram retirados por medida de cautela. Mais informações sobre as investigações devem aguardar o desenrolar dos fatos. A Segurança do STF colabora com as autoridades policiais do DF”, diz a nota.
A Câmara dos Deputados decidiu interromper a sessão mais de uma hora após o incidente na Praça dos Três Poderes. Os parlamentares discutiam a proposta de emenda à Constituição (PEC) que amplia a imunidade tributária para igrejas.
PF investiga explosões e inquérito vai para Moraes
A Polícia Federal abriu inquérito para apurar as explosões que ocorreram na Praça dos Três Poderes, em frente ao Supremo Tribunal Federal, e nas proximidades da Câmara dos Deputados. Há suspeitas de que o atentado tenha motivação política e, por isso, a PF enviará o inquérito ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, relator dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
O presidente Lula já havia saído do Planalto na hora das explosões. Lula se reuniu no Palácio da Alvorada, com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e com os ministros do STF Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin.
Em nota, a PF informou que foram acionados os policiais do Comando de Operações Táticas (COT), do Grupo de Pronta-Intervenção da Superintendência Regional da corporação no Distrito Federall, peritos e o Grupo Antibombas, “que estão conduzindo as ações iniciais de segurança e análise do local”.
Autor visitou o STF em agosto
Francisco Wanderley Luiz, conhecido como “Tio França”, visitou a sede do Supremo meses antes do ataque desta quarta-feira e tirou uma selfie no plenário da Corte, comentando: “Deixaram a raposa entrar no galinheiro”. A visita ocorreu em 24 de agosto.
Como mostrou o Estadão, Luiz publicou um manifesto antes do atentado nos arredores do STF e do Congresso Nacional, contendo ataques ao Supremo, ao presidente Lula e aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Em seu perfil no Facebook, Luiz compartilhava teorias conspiratórias anticomunistas, como o QAnon, populares na extrema-direita americana.
Reprodução Estadão | Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
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