O “I Grito das Serras: nossa riqueza é a água” será realizado na próxima sexta-feira, 11, data em que se comemora o Dia da Chapada Diamantina e pretende dialogar sobre as graves questões socioambientais que a região vem enfrentando.
No dia 11 de abril é comemorado o Dia da Chapada Diamantina, data que marca a importância deste ecossistema e dessa região para a Bahia. Neste ano, não apenas para celebrar, mas também para conscientizar e, especialmente, abrir o diálogo com a população sobre as ameaças que o território e seus recursos naturais vêm enfrentando, uma articulação entre os movimentos socioambientais da Chapada promoverá o I Grito das Serras: nossa riqueza é a água.
O ato público, que acontecerá simultaneamente em Seabra, Jacobina e Feira de Santana, pretende, de forma colaborativa e propositiva, evocar uma discussão sobre a proteção aos biomas que coexistem no território e aos modos de vida das comunidades que o protegem há centenas de anos, com especial destaque para um debate sobre os impactos dos grandes empreendimentos de mineração, energia alternativa e agronegócio sobre a população e os recursos naturais. Todas as discussões terão ênfase na garantia da preservação da água, suas nascentes e mananciais.
Mais de 20 organizações estão envolvidas, incluindo pesquisadores, universidades, associações comunitárias, além da sociedade civil preocupada com o futuro das serras e das águas.
Em publicação em um dos perfis das redes sociais de apoiadores do evento, alguns dados alarmantes foram compartilhados, entre eles a existência atual de mais de 3.300 pedidos minerários, que são requerimentos administrativos feitos à Agência Nacional de Mineração (ANM) para pesquisar ou explorar recursos minerais. Outro dado que chama atenção é a previsão de instalação, no topo das serras, de mais de 2.000 mega projetos de energia eólica.
A grande questão defendida pelos movimentos é que não há estudos suficientes acerca dos impactos desses empreendimentos nas reservas naturais e na vida das comunidades que habitam o território. Segundo representantes, a conta já não está fechando e, em breve, caso os projetos sejam aprovados, a região viverá um processo acelerado de desertificação e o gradual êxodo da população.
Esse cenário parece alarmante, mas as mudanças climáticas que vêm sendo percebidas na região já acendem o alerta. Há municípios decretando estado de emergência por estiagem prolongada, que em outros momentos contavam com poços artesianos cuja vazão supria o consumo humano e animal ou rios e barragens que também cumpriam esse papel. Em muitos lugares, rios como o Utinga, que abastece total ou parcialmente cidades como Utinga, Wagner, Bonito, Morro do Chapéu, Lajedinho, Ruy Barbosa, Iraquara, Lençóis, Mulungu do Morro e Andaraí, já secaram.
Em outras localidades, como a cidade de Novo Horizonte, além da escassez pluvial, os poços e reservatórios já operam com menos de um terço da capacidade. Essa condição de estiagem é conhecida do território durante um período do ano, no entanto, a cada ano, as mudanças climáticas planetárias se intensificam, evidenciando a necessidade de se proteger os recursos ambientais para garantir o futuro da vida.
De acordo com os organizadores do ato público, a ideia é justamente chamar a população para o debate e chegar às autoridades com propostas vindas dos cidadãos e, para isso, a programação contará com apresentações artísticas, contação de histórias, roda de diálogo, o lançamento do videoclipe da música “Salve a Chapada Diamantina”, além da redação coletiva de uma carta com propostas para as esferas governamentais. O Ministério Público da Bahia já confirmou presença no ato em Seabra.
A professora e escritora Gil esteve no JMD da última sexta-feira, 4, para explicar ao público a importância do ato para a Chapada Diamantina. Veja:
Confira
Data: 11 de abril, Dia da Chapada Diamantina
Horário: a partir das 8h30
Local: UNEB Seabra, UNEB Jacobina e UEFS Feira de Santana
Ananda Azevedo | Foto: José Moitinho/pexels
