Em reunião foi anunciado o plano emergencial para construção de seis pequenos barramentos.
A grave crise hídrica que atinge o Rio Utinga, na Chapada Diamantina, foi tema central de uma reunião de articulação institucional realizada nessa terça-feira, 3, na sede da União dos Municípios da Bahia (UPB), em Salvador. O encontro, articulado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraguaçu e a UPB, reuniu prefeitos, lideranças políticas, representantes do Governo do Estado e da sociedade civil, com o objetivo de discutir soluções emergenciais e estruturantes para garantir o abastecimento de água na região.
De acordo com a UPB, entre as principais propostas apresentadas está a construção da Barragem do Rio Bonito, considerada essencial para resolver, de forma definitiva, o problema da escassez hídrica que afeta comunidades rurais, pequenos produtores e áreas urbanas. O projeto já foi entregue à Superintendência de Infraestrutura Hídrica da Bahia (SIHS) e está em fase de análise, com previsão de conclusão até 2029. A expectativa é que a obra seja financiada com recursos do Novo PAC, por meio de articulação com o Governo Federal e apoio do ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Estiveram presentes o presidente da UPB, Wilson Cardoso, o presidente da Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (CERB), Jayme Vieira Lima, a secretária estadual de Recursos Hídricos, Larissa Moraes, a diretora do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema), Maria Amélia, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraguaçu, Guilherme Sarmento, o vice-presidente do comitê, Ismael Medeiros, representantes da Associação dos Agricultores da Bacia do Rio Utinga, Romero Francisco da Silva e Frederico Andrade, o representante da Embasa, Glauco Cayres de Souza, engenheiro da Assessoria da Diretoria de Operações do Interior, o assessor técnico do deputado estadual José de Arimateia, Eduardo Macário, o prefeito de Bonito, Edivam José, o prefeito de Wagner, Thiago Ladeia, a prefeita de Mucugê, Ana Medrado e Evilásio Fraga, membro do Comitê da Bacia do Rio Paraguaçu.
Durante a apresentação, Larissa Moraes detalhou o cronograma da barragem e anunciou um plano emergencial para construção de seis pequenos barramentos — quatro em Wagner e dois em Lençóis — com licitação prevista ainda para o mês de junho. Essas intervenções visam mitigar os efeitos imediatos da seca até que a barragem principal seja concluída.
O presidente da CERB, Jayme Vieira, também destacou o projeto da adutora de Wagner, que será alimentada pela futura barragem e terá investimento estimado em R$ 7,4 milhões. A adutora será fundamental para o abastecimento da região e seguirá o cronograma da obra principal.
A diretora do Inema, Maria Amélia, reforçou a importância da gestão integrada dos recursos hídricos e anunciou um acordo de cooperação técnica para cadastrar e monitorar os usuários da bacia, além de priorizar autorizações e promover campanhas de conscientização sobre o uso responsável da água.
O encontro também propôs a criação de um núcleo de acompanhamento técnico, jurídico e político, com representantes dos municípios e do comitê da bacia, com a missão de garantir interlocução contínua com os órgãos estaduais e federais e apontou a necessidade de recuperar dois barramentos antigos, identificados em visita técnica, com apoio do consórcio Chapada Forte e das prefeituras locais.
O presidente Wilson Cardoso, destacou o caráter estratégico da iniciativa. “Esta é uma ação de longo prazo. Muitos dos gestores aqui talvez não estejam mais à frente de seus cargos quando a barragem for entregue, mas estão empenhados em garantir segurança hídrica para as próximas gerações”, afirmou.
Outro ponto relevante debatido foi a necessidade de um pacto regional com os produtores para evitar a ampliação de áreas irrigadas até que os novos reservatórios estejam em funcionamento. A cultura da banana, vital para a economia local, também foi discutida, com foco em técnicas modernas de irrigação e no uso consciente dos recursos hídricos.
A crise hídrica que assola o Rio Utinga exige respostas coordenadas, sustentáveis e eficazes. A união entre governos, municípios e sociedade civil é o caminho para garantir um futuro de segurança hídrica para toda a região do semiárido baiano.
Fonte: UPB | Foto: Divulgação UPB