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Fligê 2025 divulga programação completa com literatura, arte e ecologia em cinco dias de festa em Mucugê

Em sua oitava edição, a Fligê reafirma sua proposta de pensar a literatura como força de reinvenção do mundo, uma travessia entre palavras, memórias, corpos e paisagens.

A Festa Literária de Mucugê (Fligê), na Chapada Diamantina, em sua oitava edição, acontece entre os dias 13 e 17 de agosto. Com o tema “Rios e Matas da Narrativa”, convoca autores, leitores, artistas e público em geral a refletirem sobre a natureza como personagem literária e sua relação com a crise climática, com a cultura e com as formas de imaginar futuros possíveis.

A programação extensa, plural e gratuita da Fligê 2025 se firma como uma das mais importantes festas literárias da Bahia e do Brasil. Durante cinco dias, Mucugê vira o centro literário da Chapada com a apresentação de livros, canções, filmes, rodas de conversa, espetáculos e oficinas. 

A abertura será marcada pelo tradicional Cortejo Literário, que percorre as ruas de Mucugê na quarta-feira (13). Com batuques, cores e poesia, o cortejo reúne grupos culturais, estudantes, músicos e moradores, celebrando a força da da cultura popular. É nesse ritmo que a festa acontece até o domingo (17).

Confira a programação completa no site da Feira ou no perfil da feira no instagram @fligemucuge

Literatura em primeiro plano

As mesas literárias são o coração da festa que, em 2025, ganha força ao articular literatura, memória, território e natureza. No dia 15 de agosto (sexta-feira), a mesa de abertura traz um encontro entre Joselia Aguiar, biógrafa premiada de Jorge Amado, e Gildeci Leite, criador do conceito de “literatura de axé”, para discutir o lugar dos rios e das matas na obra do escritor baiano.

Em seguida, a mesa “Rios de memórias, matas de sentido” amplia o debate para o campo do patrimônio cultural como palavra viva, com pesquisadores e artistas refletindo sobre Mucugê como lugar de reinvenção constante.

No sábado, 16, a autora Micheliny Verunschk, que foi laureada com o Prêmio Jabuti pelo livro “O Som do Rugido da Onça”, participa da mesa “Ranger para conter”, sobre narrativas originárias e insurgentes. Mais tarde, Eliane Marques, Nilton Milanez e Mariana Paim exploram as linhagens da escrita e as memórias naturais em suas produções literárias.

No domingo, 17, a mesa “Eu, leitora” reúne pesquisadoras e escritoras para homenagear vozes literárias que ecoam a natureza em suas obras: Clarice Lispector, Conceição Evaristo, Itamar Vieira Junior, Guimarães Rosa, Euclides da Cunha, Nego Bispo, Carolina Maria de Jesus e Raquel de Queiroz.

Para a curadora da Fligê, a professora, escritora e palestrante Ester Figueiredo, a literatura é uma forma de compreender e recriar o mundo, ultrapassando os limites do físico e do natural: “A literatura cria e interpreta as dimensões de humanidade, atualiza e explora as existências do e no planeta Terra, como um corpo cultural e social, não limitando-o aos elementos físicos e naturais. É uma personagem literária! A produção literária absorve imagens vegetais, animais, minerais, naturais e outras formas de existir para expressar sentimentos diversos do humano: cenários áridos ou úmidos compõem personagens e paisagens literárias”.

Programação musical

A música ocupa todos os cantos da cidade. Os shows no palco principal incluem Vanessa da Mata, que participa da “Conversa & Canção” na quinta-feira (14), e Tiganá Santana, que se apresenta no sábado (16).

Na sexta-feira (15), Marlua e convidados fazem um show em homenagem a Evandro Correia, seguido do DJ Roberto. No sábado (16), se apresentam no palco principal Bruno Lima, ao meio-dia, e o show Ligado em modo baiano, às 13h. No domingo (17), o palco recebe o samba das mulheres com Tati Ramalho, Mulheres no Samba e o grupo Tambogê e também o Ballet da Chapada Diamantina.

O concerto da Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA) na Igreja Santa Isabel, no sábado (16), e a apresentação da Orquestra ARCOS no encerramento, no domingo (17), completam a programação musical.

Teatros, exposições, saraus

Na quinta-feira (14), será aberta a expografia “Palavra, o Grande Rio”, com curadoria de Adriana Camargo, no coreto histórico da cidade. O espetáculo “As máquinas do mundo na paisagem diamantina”, da Companhia de Teatro Mucugê, será encenado na sexta-feira (15), trazendo temas urgentes em uma composição dramática que atravessa rios de lutas e lágrimas.

Sarau, cinema e performances também compõem o corpo da festa. A galeria Arte & Memória, na vila de Igatu, recebe o Fligê&Tu na sexta (15), enquanto o FligêCine promove exibições audiovisuais entre os dias 15 e 17.

Fligêzinha: infâncias em festa

A Fligêzinha, espaço dedicado às infâncias dentro da Fligê, acontece entre os dias 15 e 17 de agosto, na Tenda das Infâncias, e traz uma programação especial voltada para crianças, com espetáculos, contações de histórias, quadrilhas, conversas literárias e teatro de fantoches.

O espaço também contará com momentos de mediação de leitura e atividades que celebram as ancestralidades e a cultura popular.

Fligê+ Juventudes, oficinas e encontros autorais

O espaço Fligê + Juventudes reúne artistas, leitores e criadores jovens em rodas de conversa e oficinas. Quadrinhos, fantasia, literatura LGBTQIA+ e processos criativos atravessam as atividades que acontecem na sexta (15) e sábado (16), com nomes como Deco Lipe, Helô D’Angelo, Aurélio Nery, Matheus Peleteiro e Ian Fraser.

As oficinas oferecem múltiplos caminhos de criação: jornalismo, escrita criativa, teatro, aquarela botânica, literatura, música, tranças e cultura digital. No mercado literário, o selo Alba Cultural lança o livro “Enquadres fotográficos: Território da Chapada Diamantina – Mucugê”, de Thalison Ribeiro.

A cidade respira literatura

Todos os dias, ao amanhecer, a Filarmônica Alvorada Lyra Popular de Mucugê percorre as ruas do centro histórico, despertando a cidade ao som dos metais, como um prelúdio poético à programação do dia.

De acordo com Ester, curadora da Feira, “o tema desta edição, Literatura: Rios e Matas da narrativa, é uma tentativa de desnaturalizar o poder hegemônico e capitalista da organização política que prioriza o lucro e fragiliza e fragmenta subjetividades, para gerar insurgências e emergências, tomadas como responsabilidades coletivas para se evitar o colapso do planeta. Esta edição situa personagens literárias e suas representações como um tema literário, questiona a pulsão da vida e da morte que confluem para o ofício da escrita. Esse germinar de sentidos é matéria dos ofícios de escrita”.

Com informações da assessoria | Foto montagem: Divulgação

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