Sociedade avalia que ainda não está claro o poder de atuação da Reserva da Biosfera na efetividade da proteção da Chapada e suas Unidades de Conservação.
A Chapada Diamantina está em tratativas para fazer parte da Rede Mundial de Reservas da Biosfera, iniciativa do Programa Homem e a Biosfera (MaB) da Unesco, sob a coordenação da Secretaria do Meio Ambiente da Bahia (Sema). No entanto, para que isso aconteça, o debate deve ser realizado com a população civil da região, especialmente porque se trata de um território que vem sofrendo grandes ameaças. De acordo com a Sema, a proposta da criação da Reserva contemplará 42 municípios.
No município de Lençóis, foi realizada, neste sábado (16), a abertura da Caravana da Reserva da Biosfera da Chapada Diamantina (RBCD), explicar à população do que se trata e qual a função específica da RBCD, algo que ainda não ficou claro para a maior parte da população e organizações conectadas com as questões ambientais na Bahia.
O Superintendente de Políticas e Planejamento Ambiental da Sema, Luiz Araújo, explicou que o objetivo da caravana é dialogar com a comunidade na tentativa de obter apoio popular para a criação da reserva. “Estamos iniciando nossa Caravana em Lençóis, com o objetivo de informar a comunidade o que é essa Reserva da Biosfera, sensibilizá-los para abordarem a nossa pauta e também escutar o que eles acham que a Reserva da Biosfera pode ser.”
Em Lençóis, o evento reuniu representantes do Consórcio Chapada Forte, da gestão municipal e da sociedade civil na Câmara de Vereadores da cidade.
Neste domingo (17), a equipe realizou uma visita técnica ao Parque Sempre Viva, no município de Mucugê; nesta segunda-feira (18), a Caravana chegou a Andaraí. Em seguida, as equipes se deslocarão respectivamente para Rio de Contas (19), Ibicoara (20), Seabra (21), Morro do Chapéu (22) e finalizarão as atividades no próximo sábado (23), na cidade de Miguel Calmon.
Dúvidas e preocupações
De acordo com ambientalistas que participaram na reunião online realizada pela Sema e Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) em 16 de julho, algumas incertezas vêm preocupando a sociedade em relação a esse projeto. Uma delas é a real efetividade da RBCD em relação aos grandes projetos que ameaçam a região, como os minerários e de energia alternativa.
Também estão em questão a velocidade com que estão sendo feitas as tratativas, que diferem da morosidade em aprovar projetos de Unidades de Conservação (UCs), como as da Nascente do Itapicuru e Serra da Chapadinha, na região. Especialmente, a sociedade vem buscando entender se a sobreposição da RBCD às unidades de conservação existentes irão interferir na própria gestão das UCs.
Com relação à abrangência, as dúvidas englobam o poligonal escolhido, que não abrange algumas serras importantes nem o território historicamente chamado de Chapada Velha, na região de Irecê, que se encontram em situação de vulnerabilidade, especialmente hídrica e alimentar.
Foto: Divulgação Ascom/Sema