Festival recebeu em torno de 200 filmes de todos os estados do Brasil durante a seleção.
O curta-metragem “Ibejis”, dirigido pela jovem cineasta chapadeira Kallyane Nery, acaba de conquistar mais um importante reconhecimento: foi selecionado para a V Mostra de Cinema Negro de São Félix, evento que recebeu mais de 200 inscrições de todo o Brasil. A mostra, que acontece nos dias 9 e 10 de outubro de 2025, celebra o cinema negro como ferramenta de reconstrução identitária e resistência cultural, sob o tema “A Tela como Espelho”.
Produzido na comunidade de Lagoa Seca, em Iraquara, o filme estreou em 7 de dezembro de 2024 com uma exibição comunitária que marcou o início de sua trajetória para o grande público. Desde então, “Ibejis” tem circulado por eventos como o Festival de Cinema Ambiental da Chapada Diamantina (Facine), levando consigo a força das tradições locais e a expectativa de inspirar novas gerações a reconhecerem e perpetuarem traços culturais importantes para a identidade da região.
O enredo gira em torno da celebração do caruru de São Cosme e Damião, patrimônio cultural imaterial da Bahia, e acompanha a história de Dona Menina, guardiã da tradição, e dos gêmeos Pedro e Joana, que vivenciam o sincretismo religioso e a magia da festa dos santos gêmeos ou Ibejis. A produção valoriza a comunidade local não apenas como cenário, mas como parte ativa do processo criativo: o elenco e a equipe técnica são compostos por moradores de cidades da Chapada, incluindo a própria avó da diretora, Dona Laurita, que interpreta a Dona Menina no filme.
Cinema como espelho e voz
A seleção para a V Mostra de Cinema Negro de São Félix reforça o impacto de “Ibejis” como obra que dialoga com a proposta do evento: refletir e reconstruir identidades negras através do audiovisual. A mostra, realizada por Marvin Criações Artísticas e Odé Produções, é uma importante vitrine para o cinema negro no Brasil, e contará com exibições, rodas de conversa, oficinas e shows, além da disponibilização dos filmes na Ubuplay, a maior plataforma de streaming gratuita de filmes realizados por pessoas negras.
Sobre a diretora
Com apenas 22 anos, Kallyane Nery desponta como uma das vozes promissoras do cinema chapadeiro, mostrando que é possível contar histórias potentes a partir das raízes, com afeto, memória e resistência.
Multiartista, cineasta e fotógrafa, Kallyane trabalha com audiovisual há quatro anos. Nos multimeios em que atua, seu foco é construir trabalhos que valorizem seu território de identidade, a Chapada Diamantina.
Foto: Thaissa Barbosa
Ananda Azevedo | Fotos: Ma Mirawá
