Encontro discutiu desafios ambientais, impactos socioeconômicos e estratégias para atualização do Plano Estadual de Combate à Desertificação.
O município de Canudos sediou, na quarta-feira (1º), uma roda de conversa sobre desertificação, realizada no auditório da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). A iniciativa foi promovida pela Secretaria do Meio Ambiente da Bahia (Sema) em parceria com o Departamento de Combate à Desertificação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e integrou a programação do evento Praça de Justiça e Cidadania, organizado pelo Poder Judiciário.
Participaram representantes de Canudos, Rodelas, Glória e Paulo Afonso – localidades situadas em uma das regiões mais vulneráveis do estado, marcada por degradação da terra, desertificação e indícios de aridez.
A Bahia abriga um dos maiores semiáridos do mundo, com 480 mil km² (85% do território estadual), onde vivem 7,5 milhões de pessoas em 287 municípios. Nessa região, 65% da área enfrenta balanço hídrico crítico, agravado pela redução das chuvas e pelo aumento das temperaturas.
Segundo o diretor de Políticas e Planejamento Ambiental da Sema, Tiago Porto, o objetivo foi alinhar conceitos e ouvir diretamente as demandas locais. O diretor do Departamento de Combate à Desertificação do MMA, Alexandre Pires, destacou que a escuta integra a construção do Plano Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca, em elaboração desde 2024.
Durante a roda de conversa, os participantes apontaram como principais desafios o desmatamento, a fragilidade da fiscalização ambiental e a escassez hídrica. Demandas locais incluíram investimentos em barragens, canais, reativação de poços, eficiência no carro-pipa e assistência técnica rural. Também foram debatidos problemas específicos, como o descarte da casca de coco em Rodelas, a baixa produtividade da caprinocultura em Glória e o despejo de esgoto nos rios de Paulo Afonso, que tem agravado a proliferação de baronesas.
A escuta em Canudos integra o processo de atualização do Plano de Ação Estadual de Combate à Desertificação (PAE Bahia), previsto no Decreto nº 21.347/2022, que orienta políticas públicas para o enfrentamento do fenômeno. O plano contempla 42 objetivos estratégicos, 19 programas e projetos e 157 linhas de ação, incluindo medidas como uso sustentável da água subterrânea, coleta seletiva de resíduos sólidos e criação de sistemas de alerta para eventos climáticos críticos.
As contribuições colhidas serão incorporadas à atualização do PAE Bahia, e novas reuniões territoriais estão previstas com os demais municípios convidados.
Fonte: Ascom/Sema | Foto: Ascom/Sema
