Com mais de 250 filmes inscritos de 14 países, a 5ª edição do Festival Americano de Cinema e Vídeo Socioambiental de Iraquara transforma a Chapada Diamantina em palco de arte, reflexão e formação.
Está acontecendo em Iraquara até 9 de novembro, a 5ª edição do FASAI — Festival Americano de Cinema e Vídeo Socioambiental, reunindo produções audiovisuais de toda a América e promovendo oficinas gratuitas de formação cultural. A mostra competitiva recebeu 250 filmes inscritos, vindos de 14 países, e exibe 31 obras de curta, média e longa-metragem que concorrem à premiação oficial.
O festival tem se destacado pela qualidade das produções e pela profundidade dos debates que elas provocam — abordando temas atuais, ambientais e filosóficos. O júri, composto por nomes de peso da cena cultural brasileira, enfrenta o desafio de selecionar cinco filmes premiados. Entre os jurados estão Aldri Anunciação, Anselmo Pessoa Neto, José Araripe Jr., Alberto Queiroz e Olinda Tupinambá.
Além das exibições, o FASAI oferece oficinas que abordam desde técnicas de direção até reflexões sobre o papel social do cinema. Para José Araripe Jr., o festival é essencial na formação de novos olhares: “Vivemos num mundo onde as imagens têm um protagonismo exacerbado. Todo mundo grava, todo mundo filma, mas, para contar uma história, são necessárias técnicas e conhecimentos. Na oficina mostramos como é importante unir o olhar técnico e artístico nesse processo criativo”.”
A artista Olinda Tupinambá reforça o impacto social do evento: “Acho que os festivais têm um papel fundamental, principalmente para quem vem do interior. A arte, para a gente, costuma chegar muito tarde. Diferente de quem vive nas grandes cidades, que pode simplesmente ir ao cinema, nós não temos esse acesso. Por isso, os festivais cumprem uma função social muito importante: levar à população algo que ela normalmente não conseguiria vivenciar.”
Já o professor Alberto Queiroz destaca a importância da descentralização cultural:. “No mundo das artes, o cinema é o mais comum, popular, de todas as artes, e eu acho que trazer uma discussão cultural para o meio da Chapada Diamantina, onde as pessoas têm pouquíssimo acesso a isso, e com filmes fora do padrão comercial, é de uma riqueza muito grande. Isso pode ampliar a percepção dos moradores locais”, destacou.
O FASAI colocou em pauta questões raciais, identitárias e socioambientais. Aldri Anunciação pontuou como todo homem negro carrega dentro de si uma criticidade. “Nesse processo histórico de colonização, você vai criando defesas para sobreviver, quase como num jogo de capoeira, numa luta marcial — falo disso como metáfora. A gente desenvolve mecanismos para se proteger dos ataques dessa estrutura social em que vivemos. E, nesse movimento, nasce uma criticidade”, opinou.
Encerrando com entusiasmo, o dramaturgo celebrou o impacto do festival. “A gente pode encontrar novas formas de narrativas, formas diferentes de falar as coisas, e fazer isso dentro da Chapada Diamantina é muito especial. Então, vida longa para o Festival Americano de Cinema e Vídeo Socioambiental de Iraquara.”
Com informações da assessoria | Foto: Divulgação


