Análise pioneira usa informações de NFC-e e aponta crescimento expressivo nas vendas durante festas e competições na Chapada Diamantina.
A Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) apresentou, na noite de segunda-feira (17), no Colégio Estadual de Tempo Integral de Mucugê, um estudo pioneiro no país que mede o impacto econômico do turismo de eventos no município utilizando dados das Notas Fiscais de Consumidor Eletrônicas (NFC-e). O relatório técnico, intitulado Avaliação do Impacto Econômico de Eventos em Economias Locais com Uso de Dados Fiscais: O Caso de Mucugê-BA, 2024, analisou seis eventos culturais, turísticos e esportivos realizados no município da Chapada Diamantina.
Na abertura do encontro, o diretor-geral da SEI, José Acácio Ferreira, destacou o caráter inédito da metodologia e anunciou que o trabalho será ampliado com a inclusão dos dados do Imposto Sobre Serviços (ISS) municipal. “Hoje, recebemos a boa notícia de que a prefeitura aprovou que a SEI receba as informações de ISS. Em breve, teremos a ampliação deste estudo para incluir o impacto do turismo de eventos nos serviços, como da hotelaria”, afirmou.
O evento reuniu representantes públicos e privados, entre eles o vice-prefeito de Mucugê, Leandro Profeta, e a secretária interina de Turismo, Cássia Nunes Ferreira. A iniciativa foi articulada pela Associação Comercial e Turística de Mucugê (ACTM). A presidente da entidade, Ana Luiza Pimentel, ressaltou a importância dos dados para embasar decisões do setor produtivo e da gestão pública. “Espero que seja o primeiro de muitos e que a gente comece a usar os dados para a tomada de decisão, entendendo a importância dos eventos para a economia da cidade”, disse.
Crescimento expressivo nas vendas
O estudo analisou 1,27 milhão de registros fiscais da Secretaria da Fazenda da Bahia (Sefaz-BA), referentes ao ano de 2024, processados pela infraestrutura de big data da SEI. A equipe liderada pelo diretor de Pesquisas da instituição, Rodrigo Cerqueira, observou oscilações relevantes no volume de vendas do comércio formal durante a realização dos eventos.
O São João apareceu como o de maior impacto econômico, registrando aumento de 207,13% na cesta de produtos analisada. As vendas de bebidas alcoólicas destiladas cresceram até 800%, e as de carnes bovinas, até 401%. A média diária de transações foi 73,3% superior à média do ano, com movimentação de cerca de R$ 1,06 milhão em cinco dias.
O Festival de Forró da Chapada também se destacou, com alta de 179% na cesta de produtos, além de aumentos de até 316% na venda de vinhos e 290% na de cervejas. A média diária de transações ficou 52,8% acima da média anual.
Outros eventos apresentaram impactos mais específicos. O Festival Vozes na Chapada registrou até 762% de aumento nas vendas de doces e geleias e até 123% em carnes defumadas. Já a Feira Literária de Mucugê (Fligê) apresentou crescimento de 4% na média diária de vendas, movimentando 39% da cesta de produtos durante o período do evento.
As competições esportivas Ultra Trail e Desafio Mucugê registraram aumento de 8% na média diária de vendas. Entretanto, mostraram padrões segmentados de consumo: no Ultra Trail, as vendas de água mineral cresceram até 267%, enquanto no Desafio Mucugê houve alta de até 195% nas vendas de carnes de aves.
Impactos intangíveis e próximos passos
Além dos indicadores econômicos, o diretor de Pesquisas da SEI destacou que os eventos também geram benefícios intangíveis. “Os eventos fortalecem a identidade cultural e os laços sociais, entre outros impactos que não são captados no estudo, mas que devem ser considerados na tomada de decisão”, observou Rodrigo Cerqueira.
O relatório completo está disponível no site da SEI, na seção de publicações.
Fonte: Ascom SEI | Foto: Jean Vagner/SEI


