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Governo contrata empresa para revisar projetos de barragens no Rio Utinga

Contrato prevê atualização técnica de seis estruturas em meio à crise hídrica que afeta municípios da Chapada Diamantina.

A Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento da Bahia (Sihs) assinou contrato com a empresa Geotechnique Consultoria e Engenharia Ltda para a revisão dos projetos de seis barragens sazonais (temporárias) localizadas ao longo do Rio Utinga, na Chapada Diamantina. O investimento está estimado em R$ 4,3 milhões, com vigência de 360 dias, encerrando em 11 de novembro de 2026, conforme documento assinado pela titular da pasta, Larissa Gomes Moraes.

Segundo a Sihs, a iniciativa tem como objetivo reforçar a segurança hídrica, atualizar estudos técnicos e melhorar a infraestrutura das barragens, que são responsáveis pelo abastecimento de comunidades rurais e urbanas ao longo do rio.

O Rio Utinga, com cerca de 70 quilômetros de extensão, corta os municípios de Utinga, Wagner, Lajedinho, Lençóis e Andaraí, região que vem enfrentando seguidos períodos de escassez hídrica.

Crise hídrica preocupa

A situação do Rio Utinga tem se agravado nos últimos anos. Em outubro, a Comissão Pastoral da Terra na Bahia (CPT-BA) divulgou uma nota pública alertando para o estado crítico do rio, que enfrenta secas recorrentes desde 2012. No dia 7 de outubro, moradores chegaram a bloquear um trecho da BA-142 em protesto pela falta de água, denunciando que a parte baixa do rio estava há dois meses completamente seca.

De acordo com a CPT, a crise hídrica tem se transformado em um conflito político, marcado pela distribuição desigual da água, influenciada principalmente pela capacidade econômica de produtores rurais e pela localização dos empreendimentos, em detrimento das necessidades da população.

Expansão da monocultura agrava o cenário

Ainda segundo a CPT, o fator mais crítico para o agravamento da estiagem é a expansão acelerada da monocultura de banana, especialmente nas áreas média e alta do Rio Utinga. A cultura exige grandes volumes de água, com consumo estimado em cerca de 40 litros por planta por dia.

Entre os períodos de 2010 a 2014 e 2019 a 2025, a área cultivada saltou de 271,53 hectares para cerca de 1,4 mil hectares, representando um crescimento de 428,3%. Com a redução drástica do volume do rio, moradores de diferentes municípios passaram a depender de carros-pipa para suprir necessidades básicas. Na comunidade Volta do Américo, em Lençóis, houve registro de até nove dias consecutivos sem água.

Diante do colapso, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) anunciou, no dia 8 de outubro, a restrição de 40% dos volumes de água outorgados, com exceção apenas para o consumo humano e animal.

A CPT também aponta descontrole no uso da água subterrânea, com poucas informações sobre a quantidade e localização de poços profundos em operação. Para a entidade, as políticas públicas têm priorizado apenas ações de aumento da oferta hídrica, sem enfrentar a lógica produtiva da monocultura, o que reforça um cenário de injustiça hídrica, já que tecnologias como captação subterrânea são inacessíveis para grande parte das famílias rurais.

Fonte: Bahia Notícias | Foto: Divulgação CPT-BA

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