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Tecnologia fortalece combate às queimadas na Chapada Diamantina durante Operação Ronda Verde

Monitoramento por satélite orienta ações integradas do Inema, Sema, PM e Corpo de Bombeiros na prevenção ao uso irregular do fogo.

A tecnologia tem sido uma grande aliada no combate ao uso irregular do fogo na Bahia. Durante mais uma etapa da Operação Ronda Verde, realizada neste mês de novembro na Chapada Diamantina, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) utilizou dados de monitoramento por satélite em tempo real para direcionar as equipes de campo da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), da Polícia Militar (CIPPA Lençóis) e do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBMBA).

Segundo o Inema, as informações de campo foram obtidas a partir de plataformas como o Painel do Fogo, o BD Queimadas e o sistema Alerta Brasil M.A.I.S.. Os dados, processados em softwares de geoprocessamento como o QGIS, foram cruzados com o Cadastro Estadual Florestal de Imóveis Rurais (CEFIR), permitindo a identificação precisa de focos de calor e áreas afetadas. Esse trabalho técnico, desenvolvido pelo setor de Geoprocessamento da COTIC/Inema, garantiu mais agilidade e assertividade no planejamento das ações.

“O mapeamento tem sido bastante assertivo, todos os pontos indicados apresentaram ocorrência de incêndios florestais. Esse cruzamento com a base de dados do CEFIR facilita a identificação dos proprietários e, consequentemente, a apuração das responsabilidades”, explicou Romeu Gomes, especialista em meio ambiente e recursos hídricos do Inema.

De acordo com Naiana Sampaio, analista de geoprocessamento do Inema, essa foi a primeira vez que a equipe estruturou um levantamento de dados específico sobre queimadas para subsidiar a Ronda Verde. “O planejamento começou com a coleta e o cruzamento de diversos dados para garantir a assertividade da operação em campo. Utilizamos informações de focos de calor do Painel do Fogo, do BD Queimadas e do sistema Alerta Brasil M.A.I.S., que foram georreferenciadas e sobrepostas aos limites de propriedades e registros do CEFIR”, explicou.

“Também cruzamos essas informações com dados de áreas de reserva legal e vegetação nativa, unidades de conservação, terras indígenas, comunidades quilombolas e assentamentos rurais, além dos registros de autorizações de supressão da vegetação (ASV) e de queima controlada (DQC). Essa integração nos permitiu identificar onde as queimadas irregulares ocorreram e delimitar os possíveis responsáveis”, completou.

A integração dessas informações permitiu o planejamento tático detalhado das equipes em campo. O aplicativo Gaia GPS foi utilizado para navegação e confirmação de coordenadas em áreas remotas, facilitando o acesso e a checagem de focos de calor. “A alta resolução das imagens é crucial para identificar responsáveis e comprovar crimes ambientais, servindo como prova material para autuações”, destacou a geógrafa.

Entre agosto e novembro, foram mapeados cerca de 100 registros de fogo em toda a Chapada Diamantina, com maior concentração em setembro. Os municípios de Andaraí, Piatã, Ibicoara e Rio de Contas estiveram entre os mais afetados. Com base nessas informações, as equipes percorreram áreas rurais de Érico Cardoso, Mucugê, Wagner, Lençóis, Palmeiras e Iraquara, fiscalizando propriedades e verificando queimadas ilegais.

De acordo com Pablo Rebelo, coordenador da Diretoria de Programas e Projetos da Sema, houve redução significativa no número de focos de incêndio, reflexo da integração entre ações de educação ambiental, prevenção e fiscalização. “A operação vem se consolidando. Hoje já percebemos que as comunidades têm consciência de que o período não é adequado ao uso do fogo e estão mais participativas, denunciando e ajudando a monitorar”, afirmou.

Nesta etapa, a Ronda Verde contou também com reforço aéreo do Grupamento Aéreo do Corpo de Bombeiros (GRAER/CBMBA), ampliando o monitoramento e garantindo o deslocamento rápido das equipes em áreas de difícil acesso.

A Operação Ronda Verde integra o programa Bahia Sem Fogo, dentro do eixo Sensibilização, Fiscalização e Responsabilização, e tem como objetivo monitorar, fiscalizar e coibir práticas ilegais de uso do fogo e desmatamento, especialmente durante o período crítico de propagação de incêndios florestais.

Lançada em 2024, a ação é considerada pioneira na Bahia e um marco nas ações integradas de fiscalização ambiental, especialmente nos territórios do Oeste e da Chapada Diamantina, regiões historicamente mais afetadas por queimadas e desmatamentos.

Fonte: Ascom/Sema | Fotos: Matheus Lemos –  Ascom/Sema

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